domingo, 27 de março de 2011
Imagine um mundo sem paraíso
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Por que não gosto da Religião?
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Ah! Os Relógios
Ah! O Relógios
Amigos, não consultem os relógiosquando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Espiritismo: religião ou falsa ciência?
Meu ranso com o espiritismo é que suas idéias o fazem vacilar entre a fé e a razão. Bem diferentemente, alguns padres católicos apresentam sua fé cristã da seguinte forma: consideram absurdo a recomendação, de São Tomé, de “ver pra crer”, pois, segundo eles, aquilo o que vêem é aquilo que sabem, enquanto que sua crença, ou seja sua religião, se baseia naquilo em que crêem, por meio de sua religiosidade íntima. Na medida em que o espiritismo é erigido pelo conjunto de teses elaboradas a partir do contato de seus médiuns com espíritos, esta doutrina se afirma no campo da razão, como uma ciência, baseando-se, portanto, em experiências empíricas, por meio das quais a razão humana procura conhecer e compreender a realidade. O problema é que ele não possui provas científicas, tampouco método científico, relegando-se à condição de pseudociência, isto é, falsa ciência.
Isto não significa que a crença espírita seja de alguma forma menos considerável ou respeitável que as demais. Isto apenas significa que a forma com que se apresenta, pretensiosa de adquirir a condição de verdade científica, a rebaixa da condição que poderia ter como religião ou, melhor, filosofia.
Platão acreditava na existência de um mundo das idéias, do qual este mundo concreto é uma mera e pálida reprodução, e o qual possui a essência responsável pelas características inerentes às coisas, à sua determinação. O mundo das idéias encerra as formas que se repetem nas coisas, isto é, as determinações observadas no mundo concreto. As variações e deformações, as diferenças individuais, as falhas, as indeterminações se devem à existência concreta das coisas, que é uma reprodução, uma cópia, da essência ideal impulsionada pela forma e idéia perfeita do mundo das idéias. Por exemplo, a forma comum de um cavalo (todos possuiem crina, quatro patas, rabo) se deve à essência do cavalo que reside no mundo das idéias, composto apenas daquilo que todos os cavalos possuem em comum.
Além disso, o filósofo acreditava em uma teoria de certa forma semelhante ao espiritismo, a gnosiológica, segundo a qual as pessoas, ao observarem um objeto repetidas vezes, recordam de experiências anteriores ao seu nascimento, da época em que habitavam o mundo das idéias. Antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma estrela, onde se localizam as Idéias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é jogada para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o que viu na estrela. Mas, ao ver um objeto aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma se recorda da Idéia daquele objeto que foi visto na estrela. Tal recordação, em Platão, chama-se anamnesis. Íntima é sua proximidade com o que Vinícius de Morais dizia sobre os amigos: não se conhecem, se reconhecem.
Enfim, Platão possuía uma filosofia, uma convicção íntima, como poderia se chamar as crenças cultivadas nos dias de hoje, com a diferença de a sua crença ser inspirada por sua reflexão lógica, sua meditação sobre o mundo, por uma tentativa de organizar as coisas à sua volta e ler suas implicações. Ele não apresentava provas ou relatórios de contatos com espíritos: não precisava violar os limites de seu conhecimento físico, precisamente porque sua crença não pretendia ser uma ferramenta científica ou um dogma sedutor, mas uma fonte de elevação, de sincera e humilde busca pela verdade, no rumo contrário ao que assumiu o nosso espiritismo e seus médiuns hipócritas. Por estas razões, procuro sensibilizar a todos, inclusive os espíritas, a respeitar a opinião de todos e questionar o modo pelo qual se apresenta entidades como a espírtia, para afastar sua pretensão de verdade revelada, coisa que não existe e, se existe, é para enganar os humildes.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Em defesa do direito à vida; mas o que é vida?? O que é certo e errado? Bem e Mal???
O problema é que isto é uma questão paradigmática. Sabem o que quer dizer paradigma?
Não há como conceituar, pois paradigma significa o limite dos conceitos no qual eles se fecham inseridos num contexto. Não há como discutir certas coisas, pois aqueles que se defendem destas mudanças, o fazem por medo. Medo da mudança, medo de perder suas convicções.
Vejam quais são suas convicções. O protesto dos pró-vida é coerente e honesto. Todavia, isso não impede de incorrer em engano. Pois a coerência não basta para se alcançar a verdade. Esta não está à disposição de uma dedução lógica-formal, mecanicista, que, de uma verdade absoluta, pode derivar todas as demais. Pois, qual é a verdade absoluta?
Quando digo que essa é uma questão paradigmática, refiro-me que em que pese toda a coerência dos que defendem a vida, suas razões estão inexoravelmente sustentadas na idéia do que significa vida. Podem, contudo, responder.
Ver além significa testar os limites. Questionar. Por que será que, embora tanta religião, tanto conhecimento, ciência; ainda assim, a contra gosto dos moralistas, esse mundo vêm aceitando tantas legalizações que, como as referidas, violam as mais sagradas instituições morais como a vida humana? Por que tantas pessoas vivem lutando e pregando para que esses valores sejam preservados desta violenta onda de relativização? Ou, melhor, por que esta onda vem se impondo, se ela é injusta? Por que tem tido sucesso? E por que os defensores da vida têm cada vez mais se enfurecido, têm gritado, bradado, e ainda assim, tudo em vão?
Por que o injusto está vencendo? Talvez porque nós andamos fazendo as perguntas erradas. Assim, como um grupo de escoteiros que andam por uma floresta guiando-se por meio de um mapa trocado acabam andando em círculos e indo sempre por onde vieram. E jamais poderão descobrir a fraude do mapa, pois estão muito ocupados para parar e se perguntar: este é o mapa correto? Isto sequer é uma floresta? Após séculos defendendo a vida, talvez tenhamos nos esquecidos de perguntar-nos: o que é a vida?
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Alguém devia ter caluniado Josef K.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
O mar de todas as ondas
Uma onda se origina apenas em ameaça: uma oscilação de longe, lenta, tranqüila. Entretanto, vai crescendo gradualmente, até que sua crista, do alto, clame pelo movimento. No exato instante em que ela grita a formação, estoura em branca espuma, que vai mordendo e engolindo o mar a partir de seu centro em direção às suas extremidades. Dropamos nela desde o início, embora com dificuldade. Quanto mais transcorrido o tempo, dropamo-na melhor, mas com menos velocidade. E vai se encaminhando para o fim, já diminuída em seu porte, uma parede cada vez mais plana e suave, na fraqueza e tristeza do fim. Assim é a vida, e o tudo mais: não há nada que não possa ser comparado com a onda do mar, pois tudo é como uma onda: nasce e começa a morrer. E veja que talvez tudo não seja senão ondas, mecânicas ou eletromagnéticas. A própria matéria torna-se onda e energia como dizia o físico; na oscilação que constitui o Universo.
É precisamente por essa razão que só escrevo sob efeito de certos fumos psicodélicos. Quando estou sob seu magnífico efeito, oscila-se, que nem todas as ondas, meu espectro sensorial. As correntes de verdade penetram-me de modo decisivo: posso perceber a oscilação que a própria verdade possui em sua essência. A restrição imposta pelas bases do desejo, medo ou bloqueio, ou pela própria limitação no aprendizado a cerca do mundo exterior, não são as únicas causas por detrás da impossibilidade do homem de alcançar qualquer verdade absoluta. Creio que a própria verdade possua oscilações, de desconfiável falsidade, em seu curso.